Friday, December 8

Inferno #140: Espírito natalício.

Vou enfrentar a rena de frente.

Atirar-me do trenó.

Lutar sumo com o Pai Natal (não, a Pepsi não tem o exclusivo sobre os anúncios com lutas de sumo).

Queimar um tronco de natal.

Malabares com os enfeites da árvore. Quiçá utilizar a estrela da ponta para apanhar os canais da parabólica (mas só para ver o Música no Coração e testar se há vida nos montes ou se é só treta).

Inferno #139: cozinha(r).

Gosto de cebolas. Por uma razão muito simples: são o único ingrediente que me faz chorar.

Se elas não existissem, como é que havia refogado? E que graça teria Como Água Para Chocolate? E como é que Peer Gynt se despiria, como tirando as camadas de uma cebola?

Thursday, December 7

Inferno #138: gramática.

Um casamento de artigos, com vários nomes conhecidos. Uma refeição de adjectivos em complementos circunstanciais e um serão de advérbios e verbos.

Monday, December 4

Inferno #137: a psicologização verborreiática incessante.

Sabem aquele amigo(a) que se tem e de quem se gosta muito, mas mesmo muito, aquele(a) mesmo(a) que tem a mania irritante de psicologizar todo e qualquer ser dotado de motrição? Aquele(a) com quem vocês já desistiram de discutir, porque ele ou ela vê em tudo Freud ou Lacan... Sim, esse mesmo que não estuda necessariamente psicologia (e ainda bem, porque seria pior). Sim, esse mesmo que não consegue ver os actos ou sentimentos simples como actos ou sentimentos simples sem lhes introduzir uma pontinha de análise psicanalítica. É que, no fundo, toda a gente sabe que o inconsciente isto e aquilo e bla bla bla, mas a tua cabeça não descansa, porra!? Um homem e uma mulher não podem ser mais que uma pulsão sexual? Uma atitude tem que ter incontornavelmente uma segunda intenção e o sujeito que a toma, no fundo, mas mesmo la muiiito no fundo, é um perverso do caraças que só toma a atitude pela sua segunda intenção?

Thursday, November 23

Inferno #136: cozinha(r).

Tomar a liberdade poética.
De cortar os vegetativos com uma faca de dois gumes.
Para cozinhar uma cidade queimada.
Acompanhar com chuva ácida caída sobre as sete colinas.
Como sobremesa, o chapéu da baiana ou fruta da desépoca.

Thursday, November 16

Inferno #135: «fácil de entender...(pensei que se falasse...)»

«É o amor que chega ao fim; um final assim-assim [...]»



(entretanto apaixonei-me pelo itunes!...)

Wednesday, November 15

Inferno #134: «Let there be love» (but you don't).

«Come on baby blue, shake up your tired eyes, the world is waiting for you[...]»

[and then you would say]

«Just remember I'll be by your side[...]».

[But]

«You keeped a whole in the sky, so that heavens would cry over me[...]»

Inferno #133: Olho de peixe.

Olho à volta e o mundo é côncavo, pois eu perdi a calma e já não o vejo harmonioso como antes.
O meu olho é de peixe. O meu interior também, de um peixe prestes a explodir apór ter comido tudo, quando tudo era demasiado.

Tuesday, November 7

Infeno #132: sobre o R'nB e a forma como me persegue.

A letra é má;
O beat já teve os seus dias;
A voz não é real.

«Primeiro estranha-se, depois entranha-se...», disse um dia alguém...

Friday, October 27

Inferno #131: a ele (morre!).

Penso nele mesmo quando ele não está. Não sei o que é, sei o que não vai ser (nunca) e tenho medo, porque queria que fosse, mas não sei se posso fazer alguma coisa para que seja. Amo(-o) a ideia de o amar. Mas não o amo. Mas amo o que ele me transmite, mesmo que seja pouco (quase nada), e que me faça suspirar por toda a sua ausência. Porque essa ausência preenche-me o pensamento e assim já posso dormir. Mas não é isso ainda o que eu quero. Quero toda a sua imensidão de meio homem meio puto, quero o seu sorriso e a sua fala, lentamente desperdiçada em murmúrios ao meu ouvido. Quero-o inteiro. Só assim as músicas não me parecerão incompletas (e não há nada pior que a incompletude e o vazio de uma música…). Desejo-o. Quero que rasteje no meu chão e trepe pelas paredes do meu quarto só para que me possa beijar, para que possa sufocar-se nos meus cabelos (…).



[Agora podes morrer, o teu desejo não é o mesmo que o meu]

Thursday, October 12

Inferno #130: than a day lasts for only few minutes.

"you enter in full blown technicolor
nothing is the same after tonight"

This is the part where you should appear, hon'...

Wednesday, October 11

Inferno #129: Hours that take days.

"This party is old and uninviting,
participants all in black and white"

Time can almost stop and stay in that single bad moment.

Wednesday, October 4

Inferno #128: Como viver em Marte...

"It's a god-awful small affair
To the girl with the mousy hair
But her mummy is yelling "No"
And her daddy has told her to go

But her friend is nowhere to be seen
Now she walks through her sunken dream
To the seat with the clearest view
And she's hooked to the silver screen

But the film is a saddening bore
For she's lived it ten times or more
She could spit in the eyes of fools
As they ask her to focus on
Sailors fighting in the dance hall
Oh man! Look at those cavemen go
It's the freakiest show

Take a look at the Lawman
Beating up the wrong guy
Oh man! Wonder if he'll ever know
He's in the best selling show
Is there life on Mars?

It's on America's tortured brow
That Mickey Mouse has grown up a cow
Now the workers have struck for fame'
Cause Lennon's on sale again
See the mice in their million hordes
From Ibeza to the Norfolk Broads
Rule Britannia is out of bounds
To my mother, my dog, and clowns

But the film is a saddening bore'
Cause I wrote it ten times or more
It's about to be writ again
As I ask you to focus on
Sailors fighting in the dance hall
Oh man! Look at those cavemen go
It's the freakiest show

Take a look at the Lawman
Beating up the wrong guy
Oh man! Wonder if he'll ever know
He's in the best selling show
Is there life on Mars?"

David Bowie, "Life on Mars?"

Tuesday, September 26

Inferno #127: Haaaa

Tive um ataque.
Posso?!
Até marchavas, mas daqui não dá, sabes...?




P.S.: "There goes my gun..."

Monday, September 25

Inferno #126: A carta.

Não podias voar de facto, pois não? Mesmo que quisesses muito…
Não podias fazer com que a vida interrompesse o seu curso natural, pois não? Podias assim tanta coisa realmente, ou foi só um sonho que alimentaste para não desmoronar? De facto, viver a morte é doloroso, quase impossível – não é fácil aceitar que perder alguém possa ser natural.
E, creio, as perdas também fazem parte do curso natural da vida, o tal que não pode ser interrompido.
Comoves-me e confundes-me.

Não te posso ensinar nada, porque na tua cabeça já sabes tudo, mesmo que na verdade sejas só um rapaz que acha que tem o controlo (na verdade há poucas coisas que podemos controlar - o amor não é certamente uma delas).

É esta a carta que eu não te vou escrever, porque ao lê-la partir-te-ias como uma boneca de porcelana.

Friday, September 22

Inferno #125: Paris, Texas.

Quem inventou que o estrangeiro é que é, que aquilo é que é qualidade de vida, que não sei quê e não sei que mais e «que isto, só mesmo neste país de merda [Portugal]!!»?
Pois tenho andado a fazer um estudo, tenho andado mesmo no terreno, faço parte da amostra em estudo e não preciso de estudar muito mais, para afirmar (negar, neste caso) sem qualquer tipo de dúvida - Não, nem sempre o país estrangeiro (gajos é um estudo que tenho em mente quando acabar o actual) é melhor!
Qualquer bom português sabe o que é esperar horas numa fila para resolver um dado assunto, não é preciso ter muitos anos de vida e experiência acumulada para saber o que isso é - agora que penso nisso, apercebo-me de um facto alarmante e bastante perverso: tudo ou basicamente tudo tem, na sua origem, uma fila de espera. Adiante. Acontece que, em Portugal, a espera nas filas é invariavelmente desesperante, mas "frutífera" - quer dizer, não é lá grande fruto conseguir perceber o imposto de não sei o quê ao fim do ano, o que quero dizer é que o assunto é resolvido.
Ora acontece também que, quando nos transferimos para um dos países que Portugal invariavelmente (e sem muita imaginação, frise-se) imita a bem imitar - a França -, a situação transfere-se também: de chatice que dá comichão passa a verdadeiro inferno dantesco! França tem um complexo qualquer, absolutamente inexplicável, com as filas de espera! Uma singela fila de espera francesa pode dar origem a várias semanas de desespero para resolver o assunto mais simples de todo o "hexágono". E quando digo desespero, quero significar mesmo Desespero! Durante essas semanas de espera desesperada (viva a aliteração!)relativamente a um assunto de fila de espera, o indivíduo começa mesmo a desenvolver sintomas de personalidade desviada, como por exemplo falar constantemente da situação e sonhar (pesadelar) com ela.
Há, inclusive, uma hierarquia de filas (muitas vezes são diferentes filas para uma mesma coisa) que pode estender-se até ao infinito:
  • A primeira fila é a maior - e também a mais decepcionante, porque o indivíduo vai para lá "fresco", consciente que terá de esperar muito tempo, mas confiante que resolverá tudo nessa mesma fila, nesse mesmo dia (na verdade, não passa de uma ilusão).
  • A segunda fila é a desesperante, porque geralmente é feita após uma noite mal dormida, com uma pequena esperança e uma vontade extraordinária de saltar para cima do funcionário/a de ar empertigado que está atrás da secretária e, no mínimo, degolá-lo/a.
  • A terceira fila é a social - o indivíduo vai para lá com pouca vontade e pouca confiança e acaba (como sempre, em fila, à espera) a falar com os vizinhos. Geralmente fazem-se bons amigos de ocasião, isto é, pessoas com quem o indíviduo pode estar, quando espera numa fila.
  • A quarta fila é a da peixeirada e da frase-chave: "Também nem sei para que é que estou a fazer isto [apesar de no início ter parecido um motivo muito válido]; com os dias que ando a faltar ao trabalho vou ser despedido de certeza! [o que implicará novas filas - mas nessa altura o indivíduo já não terá emprego, pelo que poderá desfrutar convenientemente de todas as alegrias que uma fila lhe pode trazer]". Invariavelmente estas filas proporcionam incríveis espectáculos de exorcização da raiva contida: gritos com o funcionário/a atrás do balcão (agora conhecido/a, entre os que esperam na fila, como "anti-Cristo") e insultos diversos. Os indivíduos mais incontidos acabam por perder os amigos feitos na terceira fila.
  • A quinta fila pode ser a da recompensa final (noutros casos a hierarquia continua e os sinais patentes de loucura do indivíduo que espera aumentam). De qualquer modo, o indivíduo encontra-se já tão anestesiado que quando finalmente resolve o assunto nem se apercebe.

Em França, é também muito difícil encontrar o/a funcionário/a atrás do balcão, porque o seu horário de trabalho é bastante (inexistente?) reduzido. A conjugar com o horário do/a funcionário/a, existe também o horário do próprio indivíduo (que ainda não se encontra desempregado), a(s duas) hora(s) de almoço (do/a funcionário/a) e outros tantos compromissos marcados anteriormente. Tendo em conta que são pelo menos cinco filas, e que os dias úteis são também cinco, o tempo mínimo de espera para resolver um assunto de fila de espera em França é duas semanas e meia. Nessas duas semanas e meia, o indivíduo podia ter dormido, passeado, enfim, poderia ter vivido de facto. Pelo contrário, ganhou cabelos brancos, olheiras e pele amarelada.

Em Portugal, o indivíduo vê a sua espera recompensada - pode demorar, mas chega, sem que entretanto o indivíduo tenha começado a desenvolver sintomas de psicose - já em França... Agora que começo a pensar nisso, deve ser por causa das filas de espera que em Paris há tantos loucos na rua (eles têm todo o ar de quem sofreu em pelo menos 11 filas diferentes), e também deve ser por isso que todo o emigrante deseja voltar para Portugal e se calhar o ar empertigado dos parisienses também tem na sua génese uma fila de espera: ou é funcionário/a atrás do balcão, ou sabe o que é esperar numa fila de espera sem enlouquecer de facto.

Monday, September 11

Inferno #124: le manque des mots '2.

Et quand sont les personnes ce que je manque, j'ai pas un mot pour le dire.

Inferno #123: le manque des mots.

Quando se está fora da língua (-mãe), nunca há as palavras que se procura e tudo fica mais vazio.

Friday, July 14

Inferno #122: As palavras bonitas.

Hoje sinto-me «Pilar da ponte de tédio [...]».
Irra! Mas por que é que a palavra é tão feia!? (Não é suficiente a pessoa sentir-se mal?)



O pilar no...
(Contratem-me, senhores do ecoponto!)

Thursday, July 13

Inferno #121: Caso não saiba...

...os dicionários também podem ter erros.

Inferno #120: Caso não saiba...

...regra geral, os homens são cabrões e as mulheres dissimuladas (se assim não fossem, não chegariam a lado nenhum).

Inferno #119: caso não saiba...

...Chamar pseudo-intelectual a alguém não é elogio.

Inferno #118: rapsódia.

I listen to the song than I get tired of living in it.
Echoes in my head like a constant beat; I try to dance it, but my feet won't obey my head.

It's hot like hell, it's freezin' like hell, can I please have a glass of water?
Let's forget the fact that I want to scratch your lovely head, can we meet?

Ok, then, lovely to meet you!
Now make me dance!

Monday, July 3

Inferno #117: et alors je fume...

et pense... 'Bonjour Paris!?'

Inferno #116: para lá

de tudo.






(Faltas-me como uma canção de Edith Piaf.)

«Je veux seulement t'oublier/ Et puis je fume.»

Monday, May 29

Inferno #115: solução milagrosa

para matar tempo...



...dispare contra o relógio.

Wednesday, May 3

Inferno #110: Fenómenos de hoje '2.

Relação amor/ódio com a comida.

Inferno #109: Fenómenos de hoje.

Depressão pós-música.

Inferno #108: Franz Ferdinand tem destas coisas...

"(...)
Now you wish she'd never come back here again
Oh, never come back here again

You see her, you can't touch her
You hear her, you can't hold her
You want her, you can't have her
You want to, but she won't let you."

("Auf Achse", Franz Ferdinand)


Se eu não fosse um ser altivo e frio, seria assim.

Tuesday, May 2

Inferno #107: {"falling in love again..."}

this time with Franz Ferdinand (just love and destroy) - I'm so complete...ah!, me and my love/hate for everything...




{"...I never wanted to./ What am I to do?/I can't help it."}

Thursday, April 27

Inferno #104: sugestão para o suicídio ideal '3.

Bater raivosamente com a cara contra uma parede de espuma.

Inferno #103: ainda sobre isso...

I was supposed to be trying my luck with you, but instead I'm finding some reasons in my head not to like you.

Inferno #102: sugestão para o suicídio ideal '2.

Asfixia com gás hilariante.

Inferno #101: sugestão para o suicídio ideal.

Overdose de smarties (ou pintarolas, para os mais nacionalistas).

Inferno #100: e porque a Primavera é amor...

Lovesongs won't take you to a safer place with butterflies and cotton candy. If you really want to know how life's like, just rock'n roll!

Inferno #99: Primavera.

A concentração em excesso de polén no ar já começou a dar frutos: parte do meu cérebro encontra-se emigrado. As restantes partes estão de momento demasiado ocupadas na elaboração dos devaneios românticos tão característicos da época do ano.

Monday, April 10

Inferno #98: As coisas demasiado simpáticas.

Uma pessoa como eu, não propriamente carrancuda, mas um pouco sarcástica, irrita-se com as coisas demasiado simpáticas que enfrenta diariamente. As coisas demasiado simpáticas (principalmente as coisas demasiado simpáticas sem razão aparente para tal) são como uma torneira de água quente que, delicadamente, decide jorrar apenas água à temperatura ideal.
Passo a explicar: a coisa demasiado simpática tira o agradável sabor a azedo do dia-a-dia, isto é, é algo com que não podemos embirrar ou resmungar, porque É DEMASIADO SIMPÁTICO! A coisa demasiado simpática providencia tudo com muito cuidado e ao nosso gosto, para que nunca possamos ter razão de queixa dela (quando toda a gente sabe que embirrar e ironizar são actividades fulcrais para o funcionamento saudável do ser humano).
Passo a listar algumas coisas demasiadamente simpáticas com que me debato diariamente:
  • A senhora que me atende todos os dias no café. Estranhamente, e contrariando muitos casos de antipatia crónica, a senhora do café está sempre sorridente, cumprimenta-me como se eu fosse a presidente da república e trata-me pelo nome. Como se não bastasse, já por várias vezes ficou ofendida quando me coibi de pedir o café por falta de trocos.

E que é feito do sr. Zé ou sr. Manel, com a unha do dedo mindinho comprida, o bigode oleoso, o hálito a bagaço e a boa má-disposição matinal?

  • A caixa de correio do gmail. Que queixas é que eu posso apresentar face a uma caixa de correio virtual que me avisa simpaticamente dos mails que chegam, detecta na perfeição todo o spam (e quando o elimino me diz «Oba!Nenhum spam!») e raramente tem problemas de funcionamente (situação em que, não obstante, me pede «muitas desculpas pelo incómodo. Dentro de momentos, e com os dedos cruzados, volte a tentar.»)?

Mas onde estão as caixas de correio com pouca capacidade de armazenamento, sem discriminação de spam, repletas de vírus?

  • O motorista de um autocarro que uso frequentemente. É um senhor que explica tudo muito amavelmente, espera que os velhos se sentem para que estes não caiam com o arranque do autocarro e deixa passar os outros carros sem resmungar.

Face a isto eu pergunto-me, onde está o bom motorista da carris, que arranca velozmente deixando metade dos passageiros em vias de tombar, que resmunga quando não há dinheiro certo para comprar o bilhete, que se atravessa à frente dos carros, que não abre a porta quando o transeunte chega atrasado para apanhar o autocarro e que não sabe dar indicações de nada?

  • A atenciosa empregada da loja, sempre disposta a ajudar em tudo, sempre ostentando um agradável sorriso.

Eu já quase choro de comoção quando reencontro a quase extinta espécie de empregada tiazona, de pronúncia afectada, cabelo loirérrimo armado em laca e anestesiante cheiro a perfume de marca (ou imitação de perfume de marca, sabe-se lá...).

Enfim, as coisas demasiado simpáticas são cada vez em maior número, e ocorrem diariamente, provocando a inibição da nossa capacidade de ripostar, ironizar e desejar torcer pescoços. Será o começo da perda de situações dignas de sarcasmo?

Inferno #97: partir o coração...

«Se eu não fosse um terrorista travestido, casavas comigo?»

Patricia Kitten, Breakfast on Pluto.

Inferno #96: manual de instruções.

Dica: Se o seu coração continua apertado após o último desgosto de amor, basta agitá-lo antes de abrir - e terá um coração novo, fresco como uma alface.

Monday, March 27

Inferno #95: in black.

Hoje não amanheceu o dia inteiro, só para me lembrar que tu não existes.

Inferno #94: em claro.

O dia todo a suspirar por essa música, rogando para que ela saísse de uma vez das minhas entranhas e voasse livre até ti, para que pudesses saber por uns minutos como é ser eu a pensar em ti dias sobre dias, semanas sobre semanas...

Friday, March 24

Inferno #93: O problema eterno: o Tal homem que nunca mais chega...

"I'm Waiting For The Man

I'm waiting for my man
Twenty-six dollars in my hand
Up to Lexington, 125
Feel sick and dirty, more dead than alive
I'm waiting for my man

Hey, white boy, what you doin' uptown?
Hey, white boy, you chasin' our women around?
Oh pardon me sir, it's the furthest from my mind
I'm just lookin' for a dear, dear friend of mine

I'm waiting for my man
Here he comes, he's all dressed in black
Beat up shoes and a big straw hat
He's never early, he's always late

First thing you learn is you always gotta wait
I'm waiting for my man
Up to a Brownstone, up three flights of stairs

Everybody's pinned you, but nobody cares
He's got the works, gives you sweet taste
Ah then you gotta split because you got no time to waste

I'm waiting for my man
Baby don't you holler, darlin' don't you bawl and shout
I'm feeling good, you know
I'm gonna work it on out I'm feeling good,
I'm feeling oh so fine
Until tomorrow, but that's just some other time
I'm waiting for my man"

Velvet Underground

"Here Comes Your Man

outside there's a box car waiting
outside the family stew
out by the fire breathing
outside we wait 'til face turns blue

i know the nervous walking
i know the dirty beard hangs
out by the box car waiting
take me away to nowhere plains
there is a wait so long
here comes your man

big shake on the box car moving
big shake to the land that's falling down
is a wind makes a palm stop blowing
a big, big stone fall and break my crown
there is a wait so long
you'll never wait so long

here comes your man
there is a wait so long
you'll never wait so long
here comes your man."

Pixies

Monday, March 20

Inferno #92: sobrecarga de poder.

Qual é o objectivo de me sentir a gaja mais boa do mundo, se estou em casa, de pijama!?
Pintar as unhas de vermelho tem destas coisas...

Monday, March 13

Inferno #91: da doença no geral e da constipação em particular.

A constipação é a mais estúpida de todas as doenças, porque não é bem doença (ninguém leva a sério uma pessoa que diga estar doente com uma constipação), mas, na realidade, se a constipação não é doença então é o quê?
O grande problema da constipação, bem como de toda e qualquer doença, é deixar uma pessoa muito sensivelzinha, muito «não me toques que eu parto-me!». Quando se está constipado, muito facilmente se fica à beira das lágrimas com as maiores idiotices e insignificâncias (e o facto de o nariz arder não ajuda muito a inverter esta tendência).
No fundo, o problema da constipação é um problema de compensação (eis a minha teoria): a inexistência de sensibilidade olfactiva e gustativa é (estupidamente, sublinhe-se) compensada com um excesso de sensibilidade emocional. E assim, por entre fungos de madalena arrependida e o coçar do nariz a arder quase em carne viva, o indivíduo constipado exibe comportamentos que não se proporcionariam se estivesse na posse plena das suas faculdades, como costuma estar quando não se encontra constipado.

Sunday, March 12

Inferno #90: Clubismos, futebolismos, fanatismos, hooliganismos e outros pós-modernismos...

Comunicado aos senhores que, pertencendo fanaticamente (e refiro-me apenas aos fanáticos) a um clube de futebol, se consideram donos da bola, da verdade, do mundo em geral e de outras coisas que tais:

Enfiem a bola de futebol, o ponta de lança, o guarda-redes, o canto, o árbitro, a baliza, o plantel, o treinador e suas treinaretes (vulgo técnicos) no sítio que mais vos aprouver, mas deixem o resto da humanidade em paz que já ninguém vos suporta!


P.S.: Agora ficava mal escrever alguma coisa como 'e viva o _______ [preencher espaço em branco]', não ficava!?

Inferno #89: O fora de Portugal.

O problema de atravessar a fronteira, nem que seja só para ir ali a Badajoz, é reparar nas coisas que os outros países têm que nós não temos. O problema maior é quando são coisas que o País deveria mesmo ter, que está já há muito tempo à espera de ter ou que eu acho que devia ter.

Inferno #88: Indefinições.

Já disse como as odeio?
Sim, é verdade, o mundo não teria metade da graça que tem se não existissem austeros pontos de interrogação e imprevistos nas nossas vidas, mas uma pessoa (eu) descobrir que a sua vida é um perfeito livro em branco e ninguém sabe o que se escreverá no futuro não tem muita graça. Pior que a consciência de que a vida é um livro em branco, é a consciência de que ele se escreve, principalmente, consoante as escolhas feitas (e recuso-me, terminantemente, a ser a principal responsável pelas consequências das minhas escolhas - era o que mais faltava!).
Não é de levar um gajo à loucura!!??


P.S.: Nota para mim mesma: deixar de pensar, de todo, sobre o que quer que seja.

Wednesday, February 22

Inferno #87: Sobre a monumental conspiração do universo contra a minha pessoa.

Não bastava a minha brutal neura, todo o universo tinha de se virar contra mim. Passo a explicar: tenho uma bela lista de blogues idiotas que visito regularmente com o propósito de me rir das idiotices que lá escrevem. Pois, mas parece que os donos dessas pérolas entraram em greve e recusam-se a escrever novas e deliciosas idiotices enquanto a neura não me passar! Ó donos-de-blogues idiotas: mas para que é que vocês servem afinal, se não são capazes de confortar uma pobre moça com a neura!?

Inferno #86: Neura.

A neura é uma coisa deliciosa, quase apetecível. É um fenómeno bastante parecido ao das músicas deprimentes, mas pior, porque corrói mais e é absolutamente inevitável.
A neura começa dá um ar da sua graça quando o humor residente é o humor de período, quando todo o universo parece estar a conspirar contra nós ou mesmo quando se torna impossível ironizar a própria irritabilidade característica da neura (ou quando tudo isto acontece, para delírio do indivíduo padecendo de neura, em simultâneo).
Quando se está com a neura, a paciência não é muita e forma-se constantemente um suspiro dentro do peito, enquanto se faz força para chorar mas não se consegue, porque a neura é de tal modo forte, que sumarizá-la a meras lágrimas não é o suficiente.

Inferno #85: Individualidade - parte 2.

Dá para desistir de ser pessoa? Então passem-me lá os impressos que eu vou preenchê-los e pôr-me na fila para o guichet que trata disso.

Sunday, February 19

Inferno #84: à deriva...

"The Importance Of Being Idle

I sold my soul for the second time
Cos the man, he don't pay me
I begged my landlord for some more time
He said "Son, the bills waiting"

My best friend called me the other night
He said "Man, are you crazy?"
My girlfriend told me to get a life
She said "boy, you lazy"

But I don't mind
As long as there's a bed beneath the stars that shine
I'll be fine
If you give me a minute
A mans got a limit
I cant get a life if your hearts' not in it

I don't mind
As long as there's a bed beneath the stars that shine
I'll be fine
If you give me a minute
A mans got a limit
I cant get a life if my hearts' not in it

I lost my faith in the summertime
Cos it don't stop raining
The sky all day's as black as night
But I'm not complaining

I begged my doctor for one more line
He said "Son, words fail me"
It ain't no place to be killing time
But I guess I'm just lazy

I don't mind
As long as there's a bed beneath the stars that shine
I'll be fine
If you give me a minute
A mans got a limit
I cant get a life if my hearts' not in it."

Oasis, «The Importance of being Idle» (Don't Believe the Truth)

Wednesday, February 15

Inferno #83: Dias apocalípticos no calendário de Francisca Caramelo:

1 de Janeiro - A ressaca é demasiado forte para valer a pena viver.
14 de Fevereiro - Elogio do consumismo. Há o perigo de sair à rua e ser asfixiado com impigências de rosas e todo o tipo de coisas em forma de coração.
- Algures por aqui, o Carnaval, a data que algum idiota se lembrou de criar para poder atirar ovos às pessoas com quem implicasse. O Carnaval é acima de tudo uma data tão parva que nem direito a dia exacto tem, sujeitando-se aos caprichos da Páscoa -
21 de Março - Demasiado pólen no ar, perigo de congelamento dos neurónios durante largos meses.
25 de Abril - Outro belo dia para ressacar da noite de véspera do feríado (que passo, muitas vezes, a servir bêbedos e queimados) .
- Maio é mês seco (porem, a proximidade entre o 25 de Abril e o 1.º de Maio pode revelar-se perigosa...) -
Junho - Todo o mês é um completo desastre, por ser mês de avaliações.
Julho - Idem. Com a agravante de começar o Verão e os neurónios derreterem-se com o calor.
15 de Agosto - ida/vinda de férias, o dia mais comprido, mais infernal e quente de todo o ano. Variantes do 15 de Agosto são o 1 e o 31.
Setembro, Outubro, Novembro - São meses demasiado insonsos para merecerem aparecer separados. Nestes meses tudo começa assim mais ou menos, nada é certo: começam as aulas, mas não é bem começar porque ainda há a lembrança das férias; começa o frio, mas não é bem Inverno (...).
24/25 de Dezembro - Maratona da comida (e do consumismo, claro) - enquanto o menino nasce e não nasce, come-se mais de uma tonelada de comida (os efeitos desse devaneio podem reflectir-se até meio ano depois da noite de Natal).
31 de Dezembro - Qualquer festa é a festa do fim do mundo.

Sunday, February 12

Inferno #82: (...Nina Simone...)

«I got it bad/ And that ain't good.»

Inferno#81: Sobre os domingos.

Quando era miúda costumava chorar ao Domingo, só porque era Domingo, não tinha nada a ver com o facto de no dia seguinte ter aulas e acordar cedo, achava triste a semana morrer num dia assim, pequeno e cinzento...

Tuesday, February 7

Inferno #80: filme.

Orgulho e Preconceito é muito bom? Sim, é bom, mas eu só vi a repetição da Gata Borralheira.

Inferno #79: numa frase (II).

«Amizade» não é algo desinteressado a partir do momento em que se espera reciprocidade (que pode não ser alcançada).

Monday, February 6

Inferno #78: numa frase...

«Amor» é uma palavra bonita para falar de um sentimento egoísta; a partir do momento em que amo, a minha concepção de mundo metamorfoseia-se, torna-se umbiguista: só eu e a pessoa que amo (e que faz parte de mim, consequentemente não se trata de outra pessoa, mas antes de um fragmento meu) importam.

Friday, February 3

Inferno #77: diva?

As divas que passam por mim durante o dia:

- De manhã, ao acordar:
Em espírito: Madonna, muito zen para começar o dia.
Voz: Nina Simone, a amar tudo com toda a alma e corpo.

- À tarde, depois do almoço:
Em espírito: Queen Latifah (mas a dançar krump).
Voz: Aretha Franklin (overdose de açúcar herdada do almoço).

- À noite, ao deitar, depois das chatices e de tudo o que aconteceu na p***** do dia!:
Físico: de Courtney Love (despenteada e ganzada) pelo cano abaixo.
Voz: Janis Joplin em dia deprimente (e quase afónica).

Sunday, January 29

Inferno #76: tem de ser sempre assim?

«Utopia

It’s a strange day
No colours or shapes
No sound in my head.
I forget who
I amWhen
I’m with you.
There’s no reason
There’s no sense
I’m not supposed to feel
I forget who I am
I forget.
Fascist baby
Utopia, utopia.
My dog needs new ears
Make his eyes see forever
Make him live like me
Again and again.
I’m wired to the world
That’s how I know everything
I’m super brain
That’s how they made me.»

«Utopia», Goldfrapp.

Inferno #75: shit shit shit!

E que tal abrires os teus braços de árvore para me abraçar como já tens prometido?

Inferno #74: individualidade.

I don't do what common girls do, I'm not sweet and lovely and I won't change just to please you. I've got my own habits and shit, I listen to my music and I read my books, they might seem different and unusual, but I'm not gonna change it, and you know it, and you love it.
I'm a black cherry, baby, deal with it.

Friday, January 27

Inferno #73: sistema nervoso.

Música frenética.
Luzes de neon a piscar.
Pensamentos sem fio condutor.
Engarrafamento de pensamentos.
Lista de coisas para fazer.
Lista de coisas que nunca vou fazer (apesar de ter intenção).
Lista de coisas que não cheguei a fazer.
Espasmos.
Arrepios.
Uma silhueta indefinida.
A silhueta multiplicada por milhões.
Fotografias de lado nenhum.
Outra música, uma batida igualmente acelerada.
A espera.
A espera pela(s) tal(is) conversa(s) que se faz(em) esperar.





A(o) tal coisa(algo).

Inferno #72: vertigem.

Um dia que começa normal.

Passadas umas horas...

o céu cai lentamente,

quase como se se atrevesse a abater-se sobre mim,

tornando-me ainda mais pequena do que sou.

Wednesday, January 25

Inferno #71: Nicknames.

Sim, eu também uso nicknames estúpidos/ pretensiosos/ incompreensíveis/ com privates/ ...(ao critério e imaginação de cada um).
Mas qual a classificação atribuível para um nick como «[...] Uranus Planet Power... Make up!!! [...]», sendo o seu detentor gay (sem qualquer tipo de preconceito, não é a orientação sexual que está em causa - mas não conheço heterossexuais com nicks tipo «urpenis» ou «urvagina» ou coisa parecida)?

Inferno #70: Arriscar (hipótese a riscar?).

«Trying Your Luck

You said you couldn't stay
You've seen it all before
I know

They sold you on their way
Oh, honey, that's OK

No harm, he's armed
Setting off all your alarms
When I find out
I hope it's you who set this trap

And storefronts rarely changed
At least I'm on my own again
Instead of anywhere with you
But, to me, it's all the same

And I lost my page. Again
I know this is so rare
But, I'll try my luck with you
This life is on my side
Well, I am your one?
"Believe me, this is a chance,"

Let's see what's for sale
He's trying hard to give his job a chance
Oh, it's never gonna be
It's sad, but I agree
The signals don't seem right
They last for just one night, and then
I'm sorry that I said
That "we were just good friends"

No harm, he's armed
Setting off all your alarms
They're trapped
I can't be there in time
I'll think about that

And I lost my page again
I know this is so rare
But, I'll try my luck with you
This life is on my side
Well, I am your one?
"Believe me, this is a chance."»

«Trying your luck», The Strokes (Is this it?)

Inferno #69: Jantaradas vs. jantarezinhos.

Jantaradas.
Prós:
  • Muita gente;
  • Muita comida;
  • São, geralmente, em espaços maiores;
  • Acabo por esquecer o odiozinho que tenho a alguns dos presentes;
  • Conheço os podres dos presentes que odeio (e vejo-os a cair de bêbedos, pelo que o seu potencial enquanto inimigos é vertiginosamente diminuído);
  • Acabo-as a ter conversas profundas (para pessoa bêbeda ou ensonada) com alguém que conheço há três horas (ou nem isso).

Contras:

  • Ter de aturar pessoas idiotas (e que começo a odiar seriamente);
  • Ter que dar beijinhos e apertos de mão a pessoas que só vou ver uma vez na vida;
  • Beber (e testemunhar os resultados da bebida na ressaca do dia seguinte);
  • Comer mal (apesar da aparente superabundância de comida).

As minhas jantaradas costumam ser uma junção de jantaradas de pessoas diferentes, o que torna o objecto em questão algo amorfo e obsoleto. Nas jantaradas há sempre muito para fazer (e há sempre o irritante «deixa estar que eu faço, deixa estar que eu faço!»); há sempre mais bebida que comida (o que é um acto de inteligência, uma vez que quanto menor for a porção de comida no estômago, mais rápido é o efeito do álcool) e mais pessoas desconhecidas do que conhecidas.

Acabo sempre a falar com alguém que não conheço de lado nenhum, e que me vai relembrar sempre como a pessoa de olhar lânguido que durante toda a noite intercalou conversas de algum nível intelectual com disparates e coisas engraçadas (e, regra geral, essas pessoas ficam com a estúpida ideia que eu sou sempre assim [que parte do 'estar bêbeda' é que não percebem?]).

Jantarezinhos.

Prós:

  • São com pessoas de quem se gosta mesmo;
  • A comida é mil vezes mais requintada (idem com as bebidas);
  • A comida chega, de facto, para toda a gente;
  • As pessoas conseguem, de facto, falar sobre assuntos sérios (mesmo que tenham bebido);
  • Mesmo que se odeiem alguns dos presentes, são meros ódios de estimação amorosos, perfeitamente domados e compreensíveis (e que, no fundo, alimentam a harmonia da relação com as pessoas em questão);
  • Menos loiça para lavar e menos 'ginástica' com fogões e panelas.

Contras:

  • Aperceber-me de algo que me irrita brutalmente em pessoas de quem gosto muito;
  • O espaço é, geralmente, mais pequeno (e por vezes não muito acolhedor);
  • Se me fartar das pessoas presentes não tenho mais pessoas para onde me virar;
  • As conversas (e a bebedeira) só extravasam até ao ponto do socialmente aceitável;
  • Não tenho de aturar idiotas, mas também não conheço ninguém novo.

Agora a questão é que quando preciso de jantaradas dão-me jantarezinhos amorosos (e por vezes entediantes). Inversamente, quando o que apetece mesmo é um jantarezinho calmo e pacífico para falar de tudo o que anda às voltas na cabeça, deparo-me com jantaradas apocalípticas, bem semelhantes ao dia anunciado como último antes do fim do mundo.

Nota de rodapé pós-publicação inicial: Peço desculpa por não ter feito deste post algo mais sexual (tendo em conta o seu número), mas não estou a ver, assim de repente, grande ligação entre a tipologia de jantares e a posição sexual que o referido número (69, para quem ainda não tenha chegado lá) baptiza (não, pôr os jantares noutro post ou simplesmente suprimir este número não são opção - este espaço pode ser muitas coisas, mas desorganizado não é!).

Saturday, January 21

Inferno #68: Pesadelo é...

quando acordo às 8.00 da manhã de um pesadelo e grito (literalmente e não apenas em pensamento) 'Lazarsfeld!'*











*Paul Lazarsfeld, sociólogo responsável por uma das maiores estupidezes da sociologia (estupidez por sua vez responsável pelo surgimentos de outras coisas, algumas delas não tão estúpidas...)

Inferno #67: se(s)...

Se... (tudo), então... (nada).


?

Sunday, January 8

Inferno #66: maquilhagem.

Chegar a casa e perceber que de mim só restam vestígios de um verniz bordeaux de supermercado.




Onde terei enterrado o meu coração?

Inferno #65: oh yes sir, I can boogie...

...You just can't imagine how.

Thursday, January 5

Inferno #64: oh joyful joyful!

E quando uma pessoa dá pulos de alegria, independentemente de todas as obrigações que pulam alegremente na sua cabeça isso quer dizer...

...tenha medo, tenha muito medo...

...algo de muito mau vai acontecer!


Guarde a energia dos pulos para os soluços póstumos.






Tenha medo, tenha muito medo...

Wednesday, January 4

Inferno #63: atenção.

Falava há umas horas com um amigo e cheguei (tardiamente, devo dizê-lo) a uma conclusão triste: todos agimos em função da atenção que queremos receber dos outros.

Não é uma verdade universal, posso estar quadradamente enganada, mas chego cada vez mais à conclusão que é mesmo assim. É triste perceber que fazemos quase tudo pela atenção, pelos comentários que possamos eventualmente receber dos outros.
Mais triste ainda (chega até a ser cruel) é que muitas vezes os 'outros' tenham noção disso e propositadamente não nos dêem atenção (ou para ver até que ponto resistimos, ou só pelo simples prazer de nos ver desiludidos).
Sim, estou a assumir (como o meu amigo assumiu) que quero atenção! E acho que até tenho esse direito...
O problema é que, por mais mesquinha e egoísta que seja esta necessidade, toda a gente à minha volta age (de modo egoísta, lá está) como se só eles precisassem de atenção! Não, na verdade o problema não começa aí. O problema começa depois de essas pessoas receberem (da minha parte e não só) a atenção que desejavam. Depois disso têm de pensar muito profundamente nos seus profundos problemas e chorar profundas lágrimas, porque não lhes podem dar atenção o tempo todo. Azar! Eu queria alguma atenção e não a tenho, apesar de dar a quem precisa. A moeda de troca não é propriamente amarga, mas é egoísta (geralmente recebe-se um «obrigado» e não o desejado «mas está tudo bem contigo também? Precisas de alguma coisa?»).
Claro que se nesse momento existissem dois dedos de testa, as pessoas perceberiam que não, não está tudo bem. Eu também tenho coisas, sim, problemas(esquisito, não é? É que eu costumo estar tão bem disposta...), mas quem não os tem!!?? Eu também tenho dias que passo deprimida, eu também tenho pontos de interrogação na mente (um rio deles, e para a troca também), eu também enfrento obstáculos todos os dias - Eu também (sobre)vivo. Mas sim, é difícil exprimi-lo e leva algum tempo (que pena, não têm esse tempo para me disponibilizar...).

Mas para quê chamar a atenção para esse facto (embora já o tenha feito), para quê, se ninguém repara de qualquer modo!?

Posto isto, acho que a minha conclusão do início do post merece uma reformulação:
Todos agimos em função da atenção que queremos receber dos outros. Se tivermos sorte, recebê-mo-la, se não, passamos a vida a dá-la.

Monday, January 2

Inferno #62: passagem de ano

(ou deverei dizer «a festa do fim do mundo»?)

Por que é que as festas de passagem de ano têm sempre, em porções indetermináveis (porque variam conforme o ano, as companhias, o alcóol e o local [conforme seja público ou privado]), o seu 'quê' de:
- Apocalíptico;
- Triste;
- Masoquista;
- Sadista?

Ah, outra pergunta! Qual é o objectivo de toda a produção (já para não falar nas cuecas azuis [ou vermelhas, conforme se é português ou espanhol], no preciosismo das 12 passas [se fôssemos espertos pediríamos 12 não-desejos, para que, de facto, não se realizassem] e do champagne franciú), se sabemos (muito antes de ir para a festa, até) que vamos acabar a noite bêbedos (a roçar a inconsciência), em alguns casos pedrados, suados, despenteados, a rastejar no chão e a subir paredes (quando o diagnóstico não é dez vezes pior...)?

Inferno #61: the so-called «Big fish».

Um «grande peixe» é...
É algo de tão bom e maravilhoso que não existe.
E se existe, já é de alguém.
E se não é de ninguém, também não vai ser meu concerteza.

É um peixe tão grande, que não é qualquer pescador que vai apanhar.

Na minha cabeça é como se representasse algo impossível (ou bastante perto da impossibilidade), como um pôr-do-sol eterno.

Nem vale a pena pensar nos grandes peixes (mas vale a pena sonhar com eles...).