Friday, December 12

Inferno #243: semi-japonês

Sou uma planta de algodão
Abanada pelo vento
numa tarde húmida.

Desfaço-me ao sentir as gotas
Cair na minha cabeça.

Perco a beleza, perco a virtude.
Perdi-me.

Inferno #242: dentista

à saída do dentista, na tarde mais cinzenta de que me lembro, pisava o passeio e era acompanhada pela minha cabeça, cortada, a rolar no chão

Inferno #241: Jogo de profissões.

Passámos muitos anos a olhar-nos nos olhos, a roçar narizes, a lamber lábios, a segredar histórias que eram já nem sei de quem.
Éramos psicanalistas, esquimós, gourmets, contadores de histórias. Podíamos ser tudo, porque éramos nós, e um validava toda e qualquer ideia do outro.
Agora repousamos numa curva de uma estrada secundária, onde nos perdemos porque acreditámos que éramos mesmo imunes a qualquer coisa...