Thursday, April 27

Inferno #104: sugestão para o suicídio ideal '3.

Bater raivosamente com a cara contra uma parede de espuma.

Inferno #103: ainda sobre isso...

I was supposed to be trying my luck with you, but instead I'm finding some reasons in my head not to like you.

Inferno #102: sugestão para o suicídio ideal '2.

Asfixia com gás hilariante.

Inferno #101: sugestão para o suicídio ideal.

Overdose de smarties (ou pintarolas, para os mais nacionalistas).

Inferno #100: e porque a Primavera é amor...

Lovesongs won't take you to a safer place with butterflies and cotton candy. If you really want to know how life's like, just rock'n roll!

Inferno #99: Primavera.

A concentração em excesso de polén no ar já começou a dar frutos: parte do meu cérebro encontra-se emigrado. As restantes partes estão de momento demasiado ocupadas na elaboração dos devaneios românticos tão característicos da época do ano.

Monday, April 10

Inferno #98: As coisas demasiado simpáticas.

Uma pessoa como eu, não propriamente carrancuda, mas um pouco sarcástica, irrita-se com as coisas demasiado simpáticas que enfrenta diariamente. As coisas demasiado simpáticas (principalmente as coisas demasiado simpáticas sem razão aparente para tal) são como uma torneira de água quente que, delicadamente, decide jorrar apenas água à temperatura ideal.
Passo a explicar: a coisa demasiado simpática tira o agradável sabor a azedo do dia-a-dia, isto é, é algo com que não podemos embirrar ou resmungar, porque É DEMASIADO SIMPÁTICO! A coisa demasiado simpática providencia tudo com muito cuidado e ao nosso gosto, para que nunca possamos ter razão de queixa dela (quando toda a gente sabe que embirrar e ironizar são actividades fulcrais para o funcionamento saudável do ser humano).
Passo a listar algumas coisas demasiadamente simpáticas com que me debato diariamente:
  • A senhora que me atende todos os dias no café. Estranhamente, e contrariando muitos casos de antipatia crónica, a senhora do café está sempre sorridente, cumprimenta-me como se eu fosse a presidente da república e trata-me pelo nome. Como se não bastasse, já por várias vezes ficou ofendida quando me coibi de pedir o café por falta de trocos.

E que é feito do sr. Zé ou sr. Manel, com a unha do dedo mindinho comprida, o bigode oleoso, o hálito a bagaço e a boa má-disposição matinal?

  • A caixa de correio do gmail. Que queixas é que eu posso apresentar face a uma caixa de correio virtual que me avisa simpaticamente dos mails que chegam, detecta na perfeição todo o spam (e quando o elimino me diz «Oba!Nenhum spam!») e raramente tem problemas de funcionamente (situação em que, não obstante, me pede «muitas desculpas pelo incómodo. Dentro de momentos, e com os dedos cruzados, volte a tentar.»)?

Mas onde estão as caixas de correio com pouca capacidade de armazenamento, sem discriminação de spam, repletas de vírus?

  • O motorista de um autocarro que uso frequentemente. É um senhor que explica tudo muito amavelmente, espera que os velhos se sentem para que estes não caiam com o arranque do autocarro e deixa passar os outros carros sem resmungar.

Face a isto eu pergunto-me, onde está o bom motorista da carris, que arranca velozmente deixando metade dos passageiros em vias de tombar, que resmunga quando não há dinheiro certo para comprar o bilhete, que se atravessa à frente dos carros, que não abre a porta quando o transeunte chega atrasado para apanhar o autocarro e que não sabe dar indicações de nada?

  • A atenciosa empregada da loja, sempre disposta a ajudar em tudo, sempre ostentando um agradável sorriso.

Eu já quase choro de comoção quando reencontro a quase extinta espécie de empregada tiazona, de pronúncia afectada, cabelo loirérrimo armado em laca e anestesiante cheiro a perfume de marca (ou imitação de perfume de marca, sabe-se lá...).

Enfim, as coisas demasiado simpáticas são cada vez em maior número, e ocorrem diariamente, provocando a inibição da nossa capacidade de ripostar, ironizar e desejar torcer pescoços. Será o começo da perda de situações dignas de sarcasmo?

Inferno #97: partir o coração...

«Se eu não fosse um terrorista travestido, casavas comigo?»

Patricia Kitten, Breakfast on Pluto.

Inferno #96: manual de instruções.

Dica: Se o seu coração continua apertado após o último desgosto de amor, basta agitá-lo antes de abrir - e terá um coração novo, fresco como uma alface.