Wednesday, September 28

Inferno #25: aula de sociologia.

11.10h
Entro.
Porra, já cheguei atrasada!
Sento-me silenciosamente.
O professor olha-me de alto a baixo.
E eu a pensar... hmmm...já me deve ter marcado.

E então começa a falar da esfera pública e da esfera privada
e do espaço público
E bla bla bla bla bla bla bla...
Ainda não tinha reparado como é giro o cabelo daquela tipa, é que é mesmo giro pá! Quer dizer, a tipa é gira de qualquer modo, um bocadinho parvinha, mas gira.
Bem aquele gajo já deixava de usar baba de cão no cabelo, que nojo.
Caraças, não acredito! Mas será que aquela parvalhona tem que ir para o mesmo ginásio que eu?? Puta, puta que a pariu.
Que costas TÃO largas
Que cabelo tão fininho
Que gancho horrível
que ténis horríveis
Hmmm...tou cheia de fome, e de sono, e de vontade de me ir embora.

Bla bla bla bla...
O privado e o público entrelaçam-se na sociedade moderna e é isso que os distingue das sociedades tradicionais.
E bla bla bla...
Ainda falta meia hora para acabar.
Oh não, e agora o que é que eu faço? Já não consigo tirar apontamentos.
Ora, para que é que me estou a enganar!?, eu já nem consigo é ouvir o homem!
Mas quem é que me mandou vir para este curso?
Epá os caloiros deste ano são mesmo giros, foda-se!
Ai ai, que olhos, que olhos...
que mãos, que mãos...
hmmm... que rabo...

ahhhhhhhh, que seca!
'Ficamos por aqui hoje'

Alguém aguenta uma aula de três horas de sociologia?

Monday, September 26

Inferno #24: martelinhos.

"Hammering In My Head

I'm stressed but you're freestyle
I'm overworked but I'm undersexed
I must be made of concrete
I sign my name across your chest

Give out the same old answers
I trot them out for the relatives
Company tried and tested I use the ones that
I love the best

Like an animal you're moving over me
Like an animal you're moving over me

When did I get perverted
I can't remember your name
I'm growing introverted
You touch my hand and it's not the same

This was so unexpected
I never thought I'd get caught
Play boomerang with your demons
Shoot to kill and you'll pop them off
BANG! BANG!

Like an animal you're moving over me
Like an animal you're moving over me

You should be sleeping my love
Tell me what you're dreaming of

I knew you were mine for the taking
I knew you were mine for the taking
I knew you were mine for the taking
When I walked in the room
I knew you were mine for the taking
I knew you were mine for the taking
Your eyes light up
When I walk in the room

A hammering in my head don't stop
From the bullet train
From Tokyo
to Los Angeles

I'm leaving you behind
A flash in the pan
A storm in a teacup
A needle in a haystack
A prize for the winning
A dead for the raising
A catch for the chasing
A jewel for the choosing
A man for the making in this blistering heat

Sweat it all out
Sweat it all out
With your bedroom eyes and your baby pouts
Sweat it all out
In our electric storms and our shifting sands
Our candy jars and our sticky hands
Sweat it all out

Don't forget what I wrote you then
And don't forget what I told you then
And don't forget I that meant to win
And don't forget your ventolin

So a hammering in my head don't stop
In the bullet train from Tokyo
to Los Angeles."

"Hammering in my Head", Garbage

Saturday, September 24

Inferno #23: desejos.

Quero beber a cascata de chocolate inteira do «Charlie and the chocolate factory».

É normal?

Inferno #22: marasmo absoluto

QUE ME FAZ TREPAR ÀS PAREDES.

Arrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrghhhhhhhhhhhhhhhhhh!

Tuesday, September 20

Inferno #21: o colega giro.

Sim, ainda existem colegas giros, mas tendem a existir cada vez menos e, por vezes, passam de giros a feios.
Este colega era muito, mesmo muito, giro... um corpo porreiro, uma cara gira, algum gosto para se vestir (mas não muito, não era nenhum Deus).
Entretanto, passaram dois anos e o colega começou a ficar parecido com, digamos... um motorista de táxi (sim, sim, um zé manel...): o cabelo cresceu e ele (não se lembrando que cortá-lo é uma opção) penteia-o com gel, muito gel, que é para ficar bem coladinho e juntinho; a barriga cresceu e ele agora usa t-shirts largas por cima das jeans, que lhe devem estar muito justas; por fim, descobriu-se que ele é altamente religioso (pois, estão a ver a cena...?).
Enfim, ele continua a ser um gajo simpático, mas de cada vez que se está a sós com ele começa a vontade de subir às paredes, de modo a que nem sequer se ponha a hipótese e estar ao alcance dele e do seu maravilhoso cabelo com gel.

Monday, September 19

Inferno #20: a filha da putice prepotente.

Sabem aquela vossa colega que no princípio parece ser sempre muito simpática, muito disposta a ajudar, muito, muito (excessivamente) amorosa?
Pois, é dessa mesmo que eu estou a falar.
Provavelmente,vocês até nem têm nada de interessante e ela só se aproximou para perceber o tipo de pessoa que vocês são e que vantagens ela pode tirar de um relacionamento cordial convosco, é que, não sei se sabem, essa será provavelmente a maior cabra que terão o desprazer de conhecer.
É um ser odioso e desprovido de neurónios ou compaixão; provavelmente só se aproximou de vós para sacar daí alguma coisa, isto é, para perceber se são mais inteligentes, competentes e 'amadas' (pelos outros colegas) que ela (provavelmente são, se não forem mudem de colegas, porque esses são muito tapadinhos...), e em função das suas conclusões relativamente a esses parâmetros estabelecerá uma relação de amor-ódio convosco (a parte do ódio tem tendência a ser a mais forte e também a mais camuflada...).
Quando derem por vós, ela estará sempre a tentar rebaixar-vos (na vossa presença e não só), tentando passar a impressão de que tudo o que vocês fazem é ridículo, que sofrem de uma descompensação afectiva, que têm traumas incontornáveis de infância, os quais nunca vos permitirão evoluir intelectual e profissionalmente.
Já ouviram a expressão «lobo em pele de cordeiro»? Pois, é isso mesmo o que elas são (digo elas, porque o ranking demonstra que os homens recorrem pouco a estas estratégias [só mesmo os gays muito descompensados...]). Digamos que são uma espécie rara de cabra, daquelas que nem nos apercebemos; são autênticas filhas da puta, cujo nível intelectual e inteligência não sao suficientes para vos superar e, por isso, tentam camuflar e compensar a sua descompensação fazendo-vos (e -nos) passar por descompensadas traumatizadas e abéculas.

Um fenómeno interessante a aprofundar e de que se aperceberão com o tempo, quando estas amorosas colegas começarem frequentemente a fazer-vos passar por parvas em frente de todos.

Inferno #19: O fim do Verão.

«The summer days are gone too soon
You shoot the moon
And miss completely
And now you're left to face the gloom
The empty room that once smelled sweetly
Of all the flowers you plucked if only
You knew the reason
Why you had to each be lonely
Was it just the season?
Now the fall is here again
You can't begin to give in
It's all over
When the snows come rolling through
You're rolling too with some new lover
Will you think of times you've told me
That you knew the reason
Why we had to each be lonely
It was just the season.»

Norah Jones, Shoot the Moon

Tuesday, September 13

Inferno #18: não ter ideias

acontece-me com frequência, mas irrita-me indiscritivelmente!
Ideias eu até tenho, mas não quero escrever sobre isso, não, não, seria demasiado doloroso, depois tinha que pôr uma música deprimente (hoje poria o "roads" ou uma qualquer do rodrigo leão), ficar a olhar para o ecrã até chegar à apatia total, pensar sobre a situação toda, começar a falar para mim mesma como se estivesse a fazer uma peça dramática e depois chorar desalmadamente.
Sim, este é geralmente o processo que atravesso para escrever as minhas "deprimências" e afins (às vezes salto uma ou outra fase do processo).
O problema, é que as deprimências só saem bem a sério quando são escritas assim, de outra forma parecem plásticas, insonsas e sem interesse. Já alguma vez disse que a paixão (o amor, como diria o M.E.C.) é fodida?!
Enfim, vou voltar para o meu marasmo mental...

Monday, September 12

Inferno #17: os bloqueios de escrita.

Não é bem um bloqueio, é antes uma mistura de falta de vontades


  • falta de vontade de pensar;
  • falta de vontade de escrever;
  • falta de vontade de pensar que tenho que escrever;
  • falta de vontade de pensar que tenho que pensar;
  • falta de vontade de olhar para o monitor;
  • falta de vontade de descobrir qual é o meu estado actual;
  • falta de vontade de discernir sobre o que tenho dito às pessoas nos últimos tempos (convenhamos que não têm sido coisas a dar para o bonito e poético...);
  • falta de vontade de escrever para mim mesma;
  • e para os outros.

E uma enorme vontade de "sentir tudo de todas as maneiras".

Sinto-me caótica por dentro, estou confusa, perdida, mas parvamente contente.

Sunday, September 11

Inferno #16: os filhos da puta

existem onde menos esperamos encontrá-los.
O que é que os move?

Os filhos da puta são um tipo de pessoa que anda sempre, de um modo ou de outro, perto de nós, a rodear-nos. O seu objectivo é só um: foder-nos o juízo.

E assim, era uma vez um filho da puta que andou de roda de uma menina, como uma abelhinha irritante e zumbideira em redor de uma flor, a tentar à viva força comê-la (que é como quem diz extrair-lhe o pólen). Tanto tentou, que conseguiu (três vivas para ele). Não contente com essa pequena vitória, o filho da puta continuou a rondar a menina, pois, é que os filhos da puta querem sempre um bocadinho mais. A menina acabou por, num acto de falta de inteligência, dar tudo e mais alguma coisa ao filho da puta, tornando-se transparente para ele, deixando-o sugar-lhe todo o sangue (tutano incluído).
Deste modo, acabou por acontecer um interessante fenómeno: uma dependência, por parte da menina, das filhas da putice desse filho a puta.
Não interessa muito saber o desfecho da história, ele é óbvio: submissão absoluta a um filho da puta que nem sequer tem onde cair morto.

É triste, mas os filhos da puta são um fenómeno, porque perante eles todo e qualquer argumento abandona-nos, dando lugar a um inquietante e despropositado marasmo. É de facto muito triste, mas regra geral perdemos a capacidade de discernimento quando nos encontramos perante essa espécie social rara.

E é aqui que eu volto a pôr a questão: o que é que move os filhos da puta??
Será que são atrasadinhos?
Agentes do diabo? (espera aí, isso não é só para os crentes?)
Sádicos?

Quem pode compreender, e explicar, a filha da putice?

Saturday, September 10

Inferno #15: a paixão - parte 4.

Começaste um fogo em mim e eu não encontro meios de o apagar, por mais músicas que oiça, por mais livros que leia, por mais esquecida que me tente fazer, tu estás sempre lá e vais ficar sempre lá, porque eu não tenho força ou vontade suficientes para te mandar embora para sempre da minha vida, estou demasiado apegada à tua imagem e à imagem de felicidade que criei de nós, e que só existe na minha cabeça.

Inferno #14: a paixão - ele.

Por que é que ele parece tão perfeito, se é só um ser humano? E por que é que eu quero parecer perfeita para ele, se eu sou só uma pessoa?
E por que é que eu tenho que pensar nisto, por que é que ecoa infinitamente na minha cabeça, enquanto se ri da minha triste figura?
Por que é que a imagem dele lateja incessantemente no meu pensamento por que é que a voz dele se repete dentro de mim…?
Não somos apenas dois desconhecidos?
Então por que é que parece que o conheço de sempre, e por que é que a mesma impressão não emana dele?

Se ele é o poema que eu queria ler, por que é que eu não sei o alfabeto do seu ser?
Se é suposto eu ter nascido com um objectivo, então por que é que ele nunca me parece sequer perto de ser cumprido? Por que é que oiço a voz dele ao meu ouvido, e vou dormir com ele no pensamento, mas ele nunca está, ele nunca é o outro de mim, por que não está comigo.

Ele será para sempre os livros que eu não li, as cartas que eu não escrevi, ele vai ser sempre tudo o que eu não vivi e tudo o que eu queria para mim.
Por que é que ele existe, se só me faz menos feliz?
E por que é que eu existo, se tenho que existir para me apaixonar por ele?E por que é que me apaixono sempre por ele, irremediavelmente por ele?

Por que é que, se o mundo acabasse agora, eu seria feliz, por estar a pensar nele?

Se isto é uma mulher, o que será não o ser?

Inferno #13: a paixão - parte 3.

Mas como?!

Então e as horas intermináveis com a outra pessoa?
E o caminhar com os pés um palmo acima do chão?
E a cabeça sempre nas nuvens (a pensar nele)?
E os beijos?
E as conversas?
E o envelhecer juntos? E o estar juntos?
E as juras?
E a canção que é só nossa?
E a distância interminável que as horas, e os minutos, criam?
E o aperto no lado esquerdo do peito, que parece consumir tudo até não deixar mais nada para além desse sentimento que corrói por dentro e que se chama...

...paixão.

Inferno #12: a paixão - parte 2.

Decidi que não me vou voltar a apaixonar.



E desta vez é a sério!