tag:blogger.com,1999:blog-151684612024-03-13T08:42:54.398+00:00O(s) meu(s) Inferno(s) Privado(s)Infernos de estimação contados na primeira pessoa.Francisca C.http://www.blogger.com/profile/06750204092295809549noreply@blogger.comBlogger258125tag:blogger.com,1999:blog-15168461.post-7974030592298161942014-01-21T16:48:00.002+00:002014-01-27T11:57:21.328+00:00Inferno #254: O castelo de cartasHá dias em que olho pela janela e em que o sol me basta para devolver à rua o sorriso que ela merece; dias em que volto a ser eu, em que toda a cidade tem as cores que amo e em que os pés assentam no chão, mas saltitam a cada passo.<br />
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E há dias em que os vidros me parecem ferros, em que abrir a janela me faz ter medo da ventania lá fora, em que o corpo perde o poder. São os dias em que me lembro que já não sou «princesa» de ninguém, em que no meu castelo, fechada em copas, desmorono.Francisca C.http://www.blogger.com/profile/06750204092295809549noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-15168461.post-26869551780885705852013-03-08T12:32:00.001+00:002013-03-08T12:34:06.781+00:00Inferno #253: Regressos.Passaram-se já quase três anos desde a última vez que aqui escrevi. Quis voltar algumas vezes, mas não o fiz por achar que a pessoa de papel que aqui vive e a pessoa que sou já pouco tinham em comum.<br />
Há semanas, porém, tive uma vontade absurda de voltar à escrita infernal. Reli-me e fiquei agradada por descobrir que, afinal, as diferenças são muito pequenas e só nos aproximam. Senti-me mesmo em casa. <br />
E claro que a sensação mudou quando o blogger me vedou o acesso ao backoffice do blogue (mas, mais uma vez, não foi nada que o tempo não resolvesse).<br />
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Será que é tempo de regressar?Francisca C.http://www.blogger.com/profile/06750204092295809549noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-15168461.post-89814731152998839422010-03-26T02:22:00.002+00:002010-03-26T02:23:27.896+00:00Inferno #252: O tempo.Mata-me o tempo de espera neste purgatório que é o espaço entre ter-te e deixar de te ter.Francisca C.http://www.blogger.com/profile/06750204092295809549noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-15168461.post-3253975728892712042010-03-26T02:13:00.002+00:002010-03-26T02:21:12.222+00:00Purgatório #4: A ausência.É inevitável esquecer-te. Com o tempo, vou deixando de ver a tua cara tão nitidamente. Os teus gestos começam a irritar-me e deixo de suportar ouvir-te sequer. É inevitável reparar nos teus defeitos e em todas as coisas pequeninas que me tiram do sério, mas que até há bem pouco tempo achava engraçadas. Vais deixando de fazer sentido para mim... <div>Ainda assim, são muitas as vezes em que tenho vontade de te pedir que esperes, porque chega a ser arrasadora a impressão de que vais mesmo esperar. </div><div>Foi um erro dar-te como adquirido, é um erro ainda maior continuar a pensar em ti.</div>Francisca C.http://www.blogger.com/profile/06750204092295809549noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-15168461.post-53725525542900718952010-03-26T02:09:00.002+00:002010-03-26T02:12:09.252+00:00Purgatório #3: A presença.Estás em mim como acho que nunca ninguém esteve. Acordo contigo, tenho-te nos passos que dou, toco-te nos sítios onde estou e, às vezes, quando o vento canta, percebo-te nitidamente a falar comigo.Francisca C.http://www.blogger.com/profile/06750204092295809549noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-15168461.post-91733908771307382292010-03-24T00:22:00.001+00:002010-03-24T00:22:37.822+00:00Purgatório #2: A convivência.<p class="MsoNormal">Ter de me habituar, em revolta silenciosa, a conviver contigo. Mas a culpa não é tua, é minha e da minha vontade…</p>Francisca C.http://www.blogger.com/profile/06750204092295809549noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-15168461.post-28748484708082966042010-03-24T00:17:00.000+00:002010-03-24T00:19:03.812+00:00Purgatório #1: Voltar a pôr os pés na terra.<span style="font-size:11.0pt;line-height:115%; font-family:"Calibri","sans-serif";mso-ascii-theme-font:minor-latin;mso-fareast-font-family: Calibri;mso-fareast-theme-font:minor-latin;mso-hansi-theme-font:minor-latin; mso-bidi-font-family:"Times New Roman";mso-bidi-theme-font:minor-bidi; mso-ansi-language:PT;mso-fareast-language:EN-US;mso-bidi-language:AR-SA">Preferia ser-te transparente a motivar o irritante tratamento especial que me dás, e que eu não pedi, motivado única e exclusivamente pela possessividade natural que se tem quando alguém que valorizamos gosta de nós, e que não queremos que deixe de gostar, porque, enfim, faz-nos bem ao ego… </span><div><span style="font-size:11.0pt;line-height:115%; font-family:"Calibri","sans-serif";mso-ascii-theme-font:minor-latin;mso-fareast-font-family: Calibri;mso-fareast-theme-font:minor-latin;mso-hansi-theme-font:minor-latin; mso-bidi-font-family:"Times New Roman";mso-bidi-theme-font:minor-bidi; mso-ansi-language:PT;mso-fareast-language:EN-US;mso-bidi-language:AR-SA">Esse tratamento especial faz-me atribuir sentidos a coisas que não existem e, bom, ter consciência disso leva-me ao desespero. </span></div><div><span style="font-size:11.0pt;line-height:115%; font-family:"Calibri","sans-serif";mso-ascii-theme-font:minor-latin;mso-fareast-font-family: Calibri;mso-fareast-theme-font:minor-latin;mso-hansi-theme-font:minor-latin; mso-bidi-font-family:"Times New Roman";mso-bidi-theme-font:minor-bidi; mso-ansi-language:PT;mso-fareast-language:EN-US;mso-bidi-language:AR-SA">É isso, fazes-me desesperar porque «nós» não existe, está apenas alojado no meu triste, e brilhante, cérebro.</span></div>Francisca C.http://www.blogger.com/profile/06750204092295809549noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-15168461.post-69356075259159676472009-06-30T21:16:00.002+01:002009-06-30T21:26:01.866+01:00- Céu -O fim, provavelmente, chegou.<br /><br />Não sei se aqui voltarei algum dia; se calhar, volto já amanhã, se calhar volto daqui a uns meses, ou nunca mais...<br /><br />Já não venho aqui com o entusiasmo com que vinha no início; tornei-me céptica em relação a mim mesma. Estou farta de cair num chão falso, porque não há ninguém que me ajude a levantar. Nunca houve. Ao mesmo tempo, preciso deste cepticismo, pois é a descrença total em mim que me impulsiona a fazer mais e melhor; mato-me periodicamente para renascer com força redobrada. Tudo é cíclico; não há coisas lineares.<br /><br />Até um dia destes,<br /><br />Francisca.Francisca C.http://www.blogger.com/profile/06750204092295809549noreply@blogger.com11tag:blogger.com,1999:blog-15168461.post-88601788938353601062009-02-06T23:41:00.003+00:002009-02-07T00:06:07.742+00:00Inferno #251: A outra pessoa.Estes anos todos em que não estávamos juntos, mas que sentíamos as nossas respirações entrelaçar-se uma na outra, em que te torturava com as minhas aparições inesperadas nos teus cafés e bares, pensava que estava a criar uma dependência mútua. Mas não, afinal a pessoa forte em nós dois és tu. Afinal já tinhas ultrapassado o facto de te ter deixado sem grandes explicações.<br />Bom, voltemos para o teu dia e para a tua nova pessoa.<br />Para já, não consigo recuperar o ânimo. E tu, consegues recuperar o fôlego?Francisca C.http://www.blogger.com/profile/06750204092295809549noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-15168461.post-2321166747641116432009-02-06T23:35:00.002+00:002009-02-06T23:41:03.156+00:00Inferno #250: Tudo.Às vezes, tudo não chega para nada.Francisca C.http://www.blogger.com/profile/06750204092295809549noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-15168461.post-38904535085655638222009-01-14T00:42:00.002+00:002009-01-14T00:45:29.854+00:00Inferno #249: Maçãs e corações.Talvez fosses mesmo tu a tentar beijar-me, ou talvez fossem apenas maçãs e corações do sonho de ontem a viver nos meus bolsos vazios.Francisca C.http://www.blogger.com/profile/06750204092295809549noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-15168461.post-71077066302367612732009-01-14T00:40:00.002+00:002009-01-14T00:42:26.431+00:00Inferno #248: O medo.Percorre calmamente a espinha até chegar ao cimo das costas. Uma vez aí, espalha-se pelos ombros. O friozinho desce dos ombros para a barriga, que estremece. A sensação não é inédita, é apenas o medo de não saber o que vem a seguir, o medo de não saber se se é suficientemente bom para o que aí vem.Francisca C.http://www.blogger.com/profile/06750204092295809549noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-15168461.post-22244876298290903502009-01-06T00:56:00.002+00:002009-01-06T01:01:13.070+00:00Inferno #247: O fim...quase.Já não me fascinas, praticamente.<br />Ainda assim, há uma pequena memória tua a assobiar-me ao ouvido; essa ideia do que foste para mim em tempos, admito, continua a fazer-me engolir em seco, mas só um bocadinho...Francisca C.http://www.blogger.com/profile/06750204092295809549noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-15168461.post-19170962096062356662009-01-06T00:44:00.003+00:002009-01-06T00:51:35.169+00:00Inferno #246: Sonhar que se voa.Na verdade, detestava sonhar que voava. O problema não era o sonho, mas sim acordar no dia seguinte: a boca muito seca, o coração a caminhar acelerado, a terrível vertigem que a mantinha inerte, presa à cama, e a lágrima que sentia ao roçar com a cara no tecido húmido da almofada. Nessas raras manhãs, sentia a dor excepcional que é saber que não se é livre.Francisca C.http://www.blogger.com/profile/06750204092295809549noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-15168461.post-56240626302759493272009-01-06T00:40:00.003+00:002009-01-06T00:43:41.694+00:00Inferno #245: Enquanto dormias.Enquanto dormias, desfazia cada palavra tua na minha boca, como chocolate. Quando acordaste desapareci, mas esse cheiro que ficou no teu quarto sou eu.Francisca C.http://www.blogger.com/profile/06750204092295809549noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-15168461.post-83479390873412959832009-01-06T00:36:00.003+00:002009-01-06T00:40:01.610+00:00Inferno #244: Ser perfeitoGostava de ter o toque do papel, o sabor da laranja, a cor de uma safira, o cheiro do mar, o corpo de uma árvore.<br />Talvez assim não me resistisses.Francisca C.http://www.blogger.com/profile/06750204092295809549noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-15168461.post-70870239156477831462008-12-12T01:39:00.003+00:002008-12-12T01:41:54.080+00:00Inferno #243: semi-japonêsSou uma planta de algodão<br />Abanada pelo vento<br />numa tarde húmida.<br /><br />Desfaço-me ao sentir as gotas<br />Cair na minha cabeça.<br /><br />Perco a beleza, perco a virtude.<br />Perdi-me.Francisca C.http://www.blogger.com/profile/06750204092295809549noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-15168461.post-8514630298008152092008-12-12T01:35:00.002+00:002008-12-12T01:38:17.274+00:00Inferno #242: dentistaà saída do dentista, na tarde mais cinzenta de que me lembro, pisava o passeio e era acompanhada pela minha cabeça, cortada, a rolar no chãoFrancisca C.http://www.blogger.com/profile/06750204092295809549noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-15168461.post-48922292506921022772008-12-12T01:21:00.004+00:002008-12-12T01:34:29.375+00:00Inferno #241: Jogo de profissões.Passámos muitos anos a olhar-nos nos olhos, a roçar narizes, a lamber lábios, a segredar histórias que eram já nem sei de quem.<br />Éramos psicanalistas, esquimós, <em>gourmets</em>, contadores de histórias. Podíamos ser tudo, porque éramos nós, e um validava toda e qualquer ideia do outro.<br />Agora repousamos numa curva de uma estrada secundária, onde nos perdemos porque acreditámos que éramos mesmo imunes a qualquer coisa...Francisca C.http://www.blogger.com/profile/06750204092295809549noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-15168461.post-70473634664861623532008-11-11T00:15:00.001+00:002008-11-11T00:16:45.869+00:00Inferno #240: Matemática.Quanto tempo é preciso para que duas pessoas sintam genuinamente falta uma da outra?Francisca C.http://www.blogger.com/profile/06750204092295809549noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-15168461.post-84519434566950172072008-11-10T23:57:00.002+00:002008-11-11T00:13:49.642+00:00Inferno #239: Maioridade.Tornava-se cada vez mais difícil esconder que o tempo passava, e ela continuava no mesmo lugar. Não acontecia nada de extraordinário, não havia explosões, apenas coisas pequeninas, mundanas. O cabelo que caía no Outono, a nuvem negra a pairar sobre a cabeça no Inverno, o cansaço e a vontade de sair da cidade para outro lugar, qualquer lugar. Não havia pessoas novas, apenas camisas, fatos e gravatas iguais. Ninguém lhe disse que seria fácil, mas nunca pensou que fosse tão difícil.Francisca C.http://www.blogger.com/profile/06750204092295809549noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-15168461.post-57261283261912949922008-11-08T05:25:00.002+00:002008-11-08T05:32:39.550+00:00Inferno #238: A casa.Tenho uma casa pequena. Nela, o tecto tem a altura dos meus pés, e o chão dá-me pela cabeça. Não existem móveis, ou roupas, ou quadros, só o silêncio infinito. Entro nela, e tranco-me com uma chave de cinzas. Não há nada nesse nada, onde tecto e chão se cruzam e anulam. Só um cheiro de especiarias doces e enjoativas (cravinho e erva-doce). É a minha casa, onde entro sempre que quero.Francisca C.http://www.blogger.com/profile/06750204092295809549noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-15168461.post-80719533786450810152008-11-07T01:20:00.003+00:002008-11-07T01:29:05.173+00:00Inferno #237: Mãos.Essas mãos, aí em baixo, são as minhas ou as de outra pessoa?<br />Lembras-te que, há muitos anos atrás, éramos só um do outro, só nossos? Partilhávamos a comida, os bancos, os pensamentos e as músicas. Éramos as nossas mãos com que partíamos coisas aos pedaços, para nos alimentarmos.<br />Depois fiquei míope, deixei de te conseguir alcançar com as mãos e os olhos. Navegaste para muito longe, e quando voltaste não eras a mesma pessoa, já não te conseguia decifrar o pensamento; já não querias partilhar a tua comida comigo.<br />Agora que te toco, pois jazes no chão, e sei que estas são as minhas mãos, pergunto-me se também o saberás.Francisca C.http://www.blogger.com/profile/06750204092295809549noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-15168461.post-13319251870135086232008-11-07T01:10:00.002+00:002008-11-07T01:19:53.449+00:00Inferno #236: A lâmina.Sinto constantemente uma faca no pescoço, mesmo a meio do pescoço, entre o ouvido e o ombro, a assobiar, a fazer-me adivinhar a sua frieza tão próxima. Nunca pensei que um dia precisaria de morte, de medo da morte, para sentir adrenalina. A verdade é que estou demasiado gasta, azul, cinzenta e verde-pardo. Sou uma velha de 20 anos. Há quem diga que as mulheres têm prazo de validade. Sempre achei a ideia verdadeiramente idiota, mas começo a sentir o meu.Francisca C.http://www.blogger.com/profile/06750204092295809549noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-15168461.post-521047204057813102008-11-07T01:07:00.002+00:002008-11-07T01:10:45.363+00:00Inferno #235: Neve.Bem podes chorar, porque a neve veio finalmente, e agora vês que desapareci. Não sou eu, sou apenas uma enorme cobertura de açucar gelado.Francisca C.http://www.blogger.com/profile/06750204092295809549noreply@blogger.com2