Monday, September 25

Inferno #126: A carta.

Não podias voar de facto, pois não? Mesmo que quisesses muito…
Não podias fazer com que a vida interrompesse o seu curso natural, pois não? Podias assim tanta coisa realmente, ou foi só um sonho que alimentaste para não desmoronar? De facto, viver a morte é doloroso, quase impossível – não é fácil aceitar que perder alguém possa ser natural.
E, creio, as perdas também fazem parte do curso natural da vida, o tal que não pode ser interrompido.
Comoves-me e confundes-me.

Não te posso ensinar nada, porque na tua cabeça já sabes tudo, mesmo que na verdade sejas só um rapaz que acha que tem o controlo (na verdade há poucas coisas que podemos controlar - o amor não é certamente uma delas).

É esta a carta que eu não te vou escrever, porque ao lê-la partir-te-ias como uma boneca de porcelana.

5 comments:

Anonymous said...

podes me mandar um mail?
Depois explico

zuluaga.marco@gmail.com

Anonymous said...

Escolhi este Inferno para te dar a minha opinião sobre O(s) M(T)eu(s) Inferno(s) Privado(s). Este, a “Carta” tem um final sublime, como aliás o são quase todos os teus Infernos: Sublimes. Queria-lhes fazer muitos elogios, mas lembro-me do Inferno 98 e logo me sinto obrigado a impor contenção às palavras que querem sair desmedidas. Elas insistem e evocam o Inferno 63 e então pondero, acedo ao que elas querem…
Adorei a ironia e a subtileza das máximas que escreves e daquelas que viras do avesso, os textos com sarcasmo, o humor suave e incisivo, as frases fortes que estão sempre a aparecer - como esta da “Carta” - a tua maneira de escrever e a forma como transmites o que vai em ti, enfim não me vou alongar muito se não ainda me achas demasiado simpático, mas adorei e obrigado pelo “livro”!
Francisco

Anonymous said...

Ah! Esta cor está excelente!..

Francisca C. said...

Uau!(?)
Obrigada :)

Anonymous said...

“A Carta” é talvez o “Inferno” de que mais gosto, é tão forte; vim relê-lo.
Francisco