Friday, October 19

Inferno #192: Conta de dividir.

Agarrou-lhe o braço e fincou nele as unhas. Era tão ingénua… Pensava realmente que podia manter-se assim muito tempo, a agarrá-lo como se ele fosse de facto dela. Aliás, acreditava que estava de facto a prender o corpo dele com um bocado do seu próprio corpo. Acreditava mesmo que ele acabaria por ceder, e ficar.
Ele observou com calma toda aquela cena final de desespero. Teve até vontade de rir. Claro que já tinha decidido partir, claro que não ia voltar atrás. Claro que gostava dela, genuinamente. Mas era tão transparente que o aborrecia, tão previsível, tão mulherzinha
Bastou um olhar dele, para perceber que não iam mesmo ficar juntos. Largou-lhe o braço, afastou-se da porta. Ficou a ver partir o único homem que tinha amado.

4 comments:

Karin Kollnberger said...

Francisca, adoro ler tudo o que você escreve. De verdade.

"Era tão mulherzinha". Isso me fez lembrar de uma cena de "Closer", quando Jude Law dá um pé na Natalie Portman e essa pergunta se é por que a Julia Roberts é bem sucedida na carreira e ele responde "não, é porque ela não precisa de mim".

E a vida é assim mesmo...

Beijo!

Francisca C. said...

pois...:|

Helio Lambais said...

Muito bom, muito bem escrito, atmosfera de agonia total !!!!

Adorei Francisca !

Francisca C. said...

Obrigada :)