Friday, October 12

Inferno #182: Pinheiro e carvalho.

Estava deitada numa cama. Estranhou o vestido comprido que a envolvia, afinal o que é que lhe tinha passado pela cabeça? Quem é que se veste de gala para ir para a cama? Estranhou também o facto de a cama ser tão estreita. Costumava ser ampla, agora só tinha espaço para o corpo dela, assim como estava, direito e de costas para o colchão.
O dia estava claro, tão claro que não encontrava força para abrir os olhos. Sentia o corpo frio, dormente, e não tinha um lençol para se aquecer.
Ao seu redor, pairava um cheiro de verniz e pólen. Afinal não tinha dormido em casa…
Lentamente, mexeu os dedos da mão direita, que dormia sobre a esquerda, e sentiu a cicatriz que o pulso escondia. Nunca pensou que a tivesse feito assim tão grande…
Estava morta, e sabia-o agora.

2 comments:

Anonymous said...

Engoli em seco e pensei: "Que medo!"

beijo

Francisca C. said...

Não era preciso ter medo.