O meu traficante atrasa-se pontualmente 15 minutos. Espero por ele num jardim abandonado, com a massa pronta no bolso do blusão. A transacção é rápida: eu passo-lhe o dinheiro, ele passa-me a ‘droga’: amores vermelhos, sonhos cor-de-rosa e céus azuis.
Digo sempre que esta vai ser a última dose, mas depois de cinco dias de ressaca, a saudade começa a ser demasiada. Tremo, contorço-me e distendo-me em espasmos.
Preciso de mais.
E doem tanto os 15 minutos de sempre, em que ele se atrasa e eu desespero…
Sunday, November 4
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8 comments:
A dependência de tais "drogas" é realmente a maior do mundo.... mas tudo fica bem na próxima dose!!
Bjue e adoro o que escreves... já está favoritada ! =)
eu não curto dependências de nenhuma droga
Eu ainda não decidi se gosto ou não da dependência. Há quem diga que uma pessoa sem vícios não é saudável...
eu gosto de querer depender de alguma coisa ou pessoa, mas saber que isso é reversível a qualquer instante. Senão esborracho-me estatelada no chão, atrofiada até à quinta casa. Se a dependência toma conta de mim e se me anulo em detrimento disto ou daquilo.
Vicio-me no prazer de não ser viciada e de poder tirar partido de todos os vicios e de todas as pessoas sem depender delas para viver.
nem sei de que drogas falas... e tou para aqui a mandar postas de pescada.
Sei bem o que isso é...
Há anos que ressaco.
Há anos que fantasio com tardes granat e serões lilás.
Há anos que fantasio com a fantasia.
Redobrado de energia vim aqui dar-te um beijo e os meus mais sinceros parabéns.
Amelinha: A-ha!, então és daquelas pessoas que não se vicia em ninguém, porque vicia os outros...;)
Fora de brincadeiras, percebo o que dizes, mas há dias em que os vícios ou os desejos são mais fortes, e essa dependência torna-me mais vulnerável (depois passa, e volto a ser 'the good old' pessoa fria e desapegada de sempre)
Obrigada, Alcebíades! É sempre muito bom vêr-te por cá e ainda bem que voltas com mais energia (e sem o siso, espero)!:)
Abraços e beijos para os dois.
sabes, estou longe de ser uma pessoa fria e despegada... se luto contra a dependência, essa luta é quase uma batalha dentro de mim, contra a minha natureza. e sim, há dias que estamos mais vulneráveis e nos entregamos, nos expomos e esperamos com isso ficar protegidos. Mas às vezes não é bem assim!
Percebo o que dizes quando falas em lutar contra a dependência (porque também o faço), mas diferimos na forma de estar.
Nos dias em que me sinto mais vulnerável, embora esteja à espera de ser protegida, interiormente eu sei que é essa ideia ou desejo não passa de uma utopia, e por isso mesmo volto a adoptar uma atitude distanciada.
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