Saturday, August 23
Inferno #227: O edifício.
Ia escalando os andares daquele edifício. Já estava tão lá em cima! Tinha dado a vida àquele maldito edifício com a sua maldita empresa, que não tinha maneira de falir. Tinha somado promoções, títulos, prémios. Agora, quase no topo do edifício, quase a chegar à almejada posição de "chefe de todos", sentia uma enorme vontade de descer o edifício em vez de o subir, de voltar àquele posto que tinha inicialmente, tão confortável em toda a sua insignificância e de trocar a austeridade de agora pela simplicidade de antes, talvez uma pequena família, com um cão ou um gato, em vez desta solidão que sentia agora... De que lhe valia chegar ao topo, se não tinha ninguém com quem comemorar? Não lhe valia de nada. Fechou os olhos e deixou-se cair no ar.
Inferno #226: A doença.
Sabemos da doença, sabemos de como te corrói de formas invisíveis, sabemos que não podes fazer, ver e comer certas coisas. Ainda assim, pomos essas coisas ao teu alcance, num gesto de profundo carinho - não queremos que te sintas privado de nada.
Carinho, ou vontade de te ver desaparecer o mais depressa possível?
Carinho, ou vontade de te ver desaparecer o mais depressa possível?
Inferno #225: tomar conta.
Por que é que tomamos conta de alguém? Por que é que esperamos que em troca tomem conta de nós? Somos mesmo assim tão ingénuos?
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