Eras tu, eras mesmo tu. Como em tantas outras vezes, via-te e escondia-me. Fugia. E corria tão depressa... Mas não o suficiente: eras maior que eu e mais ágil. Acabavas por me alcançar. E depois era o surto. Via-te mesmo em frente a mim, a mudar de homem para lobo, a perder qualquer sanidade (pouca) que tivesses. A voz enrouquecia, os olhos enfureciam e espumavas.
Eu gritava, pedia ajuda, mas ninguém ouvia. Os gritos que conseguiam ultrapassar a boca eram condensados num guincho seco e curto. Estavas a enlouquecer, estavas mesmo a enlouquecer, e fazia-lo ao pé de mim, sem qualquer pudor, sem pensar na enorme confusão que és na minha cabeça.
Acordei alheada. Como de todas as vezes.
Como somos capazes de criar histórias paralelas às reais?
Wednesday, March 12
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6 comments:
Obsessão.
“Entretanto, sabia perfeitamente que lhe bastava aparecer de novo em T.. para cair imediatamente sob o encanto opressivo dessa mulher, apesar de todas as suas dúvidas recentes. Mesmo ao fim de cinco anos continuava com a mesma convicção.”
(um excerto qualquer)
Francisco
maravilha... mais uma vez escrevestes algo muito bom ! =)
Bjus
Obrigada :)
identifiquei-me bastante com o que [tão bem] escreveste!
Quanto à questão, acho que somos capazes de tudo!
*
histórias paralelas às reais...
Vivo fazendo..
^^
Franksy: obrigada pela(s) visita(s) (também as faço ao 53, mas sou muito silenciosa).
Sim, começo a acreditar que somos capazes de tudo, inclusive reinventar o que conhecemos...*
clau[dia]: :) Obrigada pela visita.*
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