Tuesday, December 18
Inferno #198: A arca.
Projectou-a na mente. Uma arca onde poria todos os homens que por qualquer motivo se tinham cruzado com ela. Ainda não sabia se os dividiria por idades, categorias ou ordem alfabética. Apesar das indecisões que lhe suscitava a organização, começou a fazê-los entrar na arca pela ordem em que tinham entrado na sua vida. É que não tinha o tempo todo do mundo. Tempos houve em que tinha o tempo de uma vida para fazer aquele trabalho, mas essa vida estava quase no fim, não tinha tempo a perder.
Inferno #197: O velho.
O "velho" não lhe saiu da cabeça durante um mês e tal. Um mês de noites mal dormidas a fantasiar com ele, holograma perfeito projectado da sua cabeça directamente para a sua cama.
Devia estar apaixonada. Ou a querer ficar apaixonada..."Era o que mais me faltava, agora apaixonar-me por um velho, um paizinho...".
Mas, enfim, eram só hologramas. Nunca chegou a conhecer bem o homem que existia no velho. Gostava apenas de falar com ele, dava-lhe gozo sentir-se mais inteligente do que ele, e sobretudo muito mais nova. Sabia que as coisas não eram bem assim. Aliás, a verdade é que era o velho que dominava as conversas: falavam sobre os assuntos dele, no horário de nómada que ele tinha escolhido para si, e quando estava disposto a isso. No fundo, sabia que estava a ser manipulada em cada conversa que tinham, mas enquanto não o encontrasse na sua cama (em carne, não em projecção mental), a invadir-lhe a privacidade como nunca ninguém se tinha atrevido a invadir (nem ela o tinha consentido), não se preocuparia. Enquanto fosse apenas um jogo psicológico, não havia riscos reais, nem sequer o risco de se apaixonar.
Devia estar apaixonada. Ou a querer ficar apaixonada..."Era o que mais me faltava, agora apaixonar-me por um velho, um paizinho...".
Mas, enfim, eram só hologramas. Nunca chegou a conhecer bem o homem que existia no velho. Gostava apenas de falar com ele, dava-lhe gozo sentir-se mais inteligente do que ele, e sobretudo muito mais nova. Sabia que as coisas não eram bem assim. Aliás, a verdade é que era o velho que dominava as conversas: falavam sobre os assuntos dele, no horário de nómada que ele tinha escolhido para si, e quando estava disposto a isso. No fundo, sabia que estava a ser manipulada em cada conversa que tinham, mas enquanto não o encontrasse na sua cama (em carne, não em projecção mental), a invadir-lhe a privacidade como nunca ninguém se tinha atrevido a invadir (nem ela o tinha consentido), não se preocuparia. Enquanto fosse apenas um jogo psicológico, não havia riscos reais, nem sequer o risco de se apaixonar.
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