Essas mãos, aí em baixo, são as minhas ou as de outra pessoa?
Lembras-te que, há muitos anos atrás, éramos só um do outro, só nossos? Partilhávamos a comida, os bancos, os pensamentos e as músicas. Éramos as nossas mãos com que partíamos coisas aos pedaços, para nos alimentarmos.
Depois fiquei míope, deixei de te conseguir alcançar com as mãos e os olhos. Navegaste para muito longe, e quando voltaste não eras a mesma pessoa, já não te conseguia decifrar o pensamento; já não querias partilhar a tua comida comigo.
Agora que te toco, pois jazes no chão, e sei que estas são as minhas mãos, pergunto-me se também o saberás.
Friday, November 7
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4 comments:
uma pessoa de papel não fala assim, não escreve assim e muito menos sente assim
porque mesmo não sendo verdade, não deixou de ser sentido
não se pode escrever assim sem sentir. é impossível.
Obrigada.
Este Inferno está lindo! Para mim um dos melhores e já no topo da tabela do meu top infernal... Está muito bom, até me comoveste. Parabéns por ele.
A história nunca se repete, é o que se costuma dizer; infelizmente acho que é verdade.
Francisco
Obrigada
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