Tuesday, June 30

- Céu -

O fim, provavelmente, chegou.

Não sei se aqui voltarei algum dia; se calhar, volto já amanhã, se calhar volto daqui a uns meses, ou nunca mais...

Já não venho aqui com o entusiasmo com que vinha no início; tornei-me céptica em relação a mim mesma. Estou farta de cair num chão falso, porque não há ninguém que me ajude a levantar. Nunca houve. Ao mesmo tempo, preciso deste cepticismo, pois é a descrença total em mim que me impulsiona a fazer mais e melhor; mato-me periodicamente para renascer com força redobrada. Tudo é cíclico; não há coisas lineares.

Até um dia destes,

Francisca.

Friday, February 6

Inferno #251: A outra pessoa.

Estes anos todos em que não estávamos juntos, mas que sentíamos as nossas respirações entrelaçar-se uma na outra, em que te torturava com as minhas aparições inesperadas nos teus cafés e bares, pensava que estava a criar uma dependência mútua. Mas não, afinal a pessoa forte em nós dois és tu. Afinal já tinhas ultrapassado o facto de te ter deixado sem grandes explicações.
Bom, voltemos para o teu dia e para a tua nova pessoa.
Para já, não consigo recuperar o ânimo. E tu, consegues recuperar o fôlego?

Inferno #250: Tudo.

Às vezes, tudo não chega para nada.

Wednesday, January 14

Inferno #249: Maçãs e corações.

Talvez fosses mesmo tu a tentar beijar-me, ou talvez fossem apenas maçãs e corações do sonho de ontem a viver nos meus bolsos vazios.

Inferno #248: O medo.

Percorre calmamente a espinha até chegar ao cimo das costas. Uma vez aí, espalha-se pelos ombros. O friozinho desce dos ombros para a barriga, que estremece. A sensação não é inédita, é apenas o medo de não saber o que vem a seguir, o medo de não saber se se é suficientemente bom para o que aí vem.

Tuesday, January 6

Inferno #247: O fim...quase.

Já não me fascinas, praticamente.
Ainda assim, há uma pequena memória tua a assobiar-me ao ouvido; essa ideia do que foste para mim em tempos, admito, continua a fazer-me engolir em seco, mas só um bocadinho...

Inferno #246: Sonhar que se voa.

Na verdade, detestava sonhar que voava. O problema não era o sonho, mas sim acordar no dia seguinte: a boca muito seca, o coração a caminhar acelerado, a terrível vertigem que a mantinha inerte, presa à cama, e a lágrima que sentia ao roçar com a cara no tecido húmido da almofada. Nessas raras manhãs, sentia a dor excepcional que é saber que não se é livre.

Inferno #245: Enquanto dormias.

Enquanto dormias, desfazia cada palavra tua na minha boca, como chocolate. Quando acordaste desapareci, mas esse cheiro que ficou no teu quarto sou eu.

Inferno #244: Ser perfeito

Gostava de ter o toque do papel, o sabor da laranja, a cor de uma safira, o cheiro do mar, o corpo de uma árvore.
Talvez assim não me resistisses.